Vezes sem conta ouço histórias sobre tratamentos inenarráveis dados a colaboradores de empresas.
Inclusive empresas portuguesas de renome, onde se pensa que a gestão de pessoas e o departamento de recursos humanos é dos mais avançados.
A demasiados colaboradores são impostas condições que limitam completamente o potencial das pessoas, desmotivam, e fazem com que se crie um ambiente de ódio mútuo.
Ordens dadas sem qualquer tipo de explicação sobre o “porquê”, sem contexto sobre o motivo pelo qual essa tarefa é importante para a empresa…
A abordagem de querer tudo dos trabalhadores e não dar nada em troca…
O estabelecimento de um “manual do trabalhador ideal”, limitando a criatividade das pessoas…
O foco quase exclusivo nos pontos menos fortes dos trabalhadores, passando a vida a “julgar” e a desmotivar as pessoas…
E finalmente, o assumir que os trabalhadores “devem algo” de volta, quase como se se os líderes estivessem a fazer um favor às pessoas…
Os líderes dessas empresas não percebem que esta abordagem está completamente errada e produz o efeito oposto ao que desejam.
Nessas condições, os trabalhadores arrastam-se para o trabalho completamente sem desejo, sem motivação, sem criatividade, e sem energia.
Apenas pensam em cumprir as 8h por dia e esperar ansiosamente que chegue sexta-feira.
Chegam a casa, e sentem um vazio completo.
Sentem-se “prisioneiros” de um trabalho que odeiam e que não lhes traz nenhum sentimento de realização…
Uma vez que não fizeram uso dos seus pontos fortes, ou das aptidões que trouxeram para o mundo e que estão a reprimir durante anos e anos.
Apenas foram forçados a fazer coisas que não gostam e que não têm especial aptidão para.
Coisas que o seu chefe acha que são necessárias para a empresa, mas que na maior parte das vezes não correspondem à realidade…
Existe um caminho diferente.
Um caminho de preeminência, de criação de “artistas” e de liberdade criativa.
O Seth Godin no seu livro “Linchpin: Are You Indispensable?” chama a este tipo de trabalhadores de “Linchpin” (literalmente “cavilha de roda”).
Ou seja, pessoas que por usarem as suas capacidades únicas e a sua vocação no trabalho se tornam indispensáveis.
Por não estarem presas a “instruções”, ordens descontextualizadas, julgamentos, e outras limitações, tornam-se de tal maneira valiosas que começam a fazer a diferença…
E a levar a empresa a níveis antes impensáveis.
No seu livro, o Seth Godin fala mais na responsabilidade do trabalhador em se tornar num “linchpin”, mas na minha opinião os líderes das empresas têm uma responsabilidade acrescida neste campo.
Qual é então a única maneira de motivar os colaboradores da sua empresa?
Como criar um exército de “linchpins”?
De “Gestão de Pessoas” a “Valorização de Pessoas”
O tópico mais falado neste blog é o da criação de valor.
Sigo a “estratégia de preeminência” (criada por Jay Abraham) à risca em todos os aspectos da minha vida pessoal e profissional.
Atingir a preeminência significa acrescentar uma quantidade tremenda de valor antes de pedir algo em troca…
Uma vez que o posiciona como um líder, um fiduciário, um conselheiro de confiança.
Torna-o na única solução viável para os problemas ou objetivos da pessoa em questão…
Fazendo com que essa pessoa esteja muito mais receptiva a fazer algo por si...
Quer seja comprar um produto ou serviço seu (no caso da relação empresa-cliente), quer seja ajudá-lo a atingir os seus objetivos (no caso da relação chefe-trabalhador).
Este é, caro leitor, O SEGREDO para o sucesso de qualquer iniciativa que envolva pessoas.
É extremamente importante interiorizar que não existe outro caminho.
Não pode olhar para um segmento de mercado e pensar “como posso fazer dinheiro destas pessoas”...
E do mesmo modo, não pode olhar para os trabalhadores da sua empresa e pensar “como é que os posso usar para fazer mais dinheiro”...
Deve antes pensar “como posso ajudar estas pessoas a atingir os seus objetivos”.
É uma mudança tremenda de pensamento. Pode até parecer contra-intuitiva de início…
Mas se de facto interiorizar a estratégia, e usá-la constantemente em todos os aspectos do seu negócio…
Verá que os resultados serão 10X superiores.
E porquê?
Porque fará com que os seus trabalhadores gostem e confiem em si.
Fará com que naturalmente sintam a necessidade de lhe dar valor de volta.
Fará com que tragam a sua melhor versão para o trabalho, libertem a sua criatividade, e resolvam problemas por si mesmos.
Como Motivar Trabalhadores
A primeira coisa a fazer ANTES de se contratar uma pessoa é conhecê-la a fundo.
Descobrir genuinamente quais são os seus objetivos, medos, ambições, gostos, aptidões e preferências pessoais.
Claro, explicar também o que é esperado dela em termos de performance…
Mas não ficar por aí.
O cenário ideal é encontrar um balanceamento entre os objetivos pessoais e de carreira do trabalhador, e os objetivos da sua empresa.
Acrescentar valor antes de pedir algo em troca.
Atenção: O salário aqui não conta.
O dinheiro é uma “commodity”, algo necessário para a sobrevivência das pessoas…
Que não é suficiente para manter as pessoas motivadas, felizes e a usar todo o seu potencial.
Se assim fosse, não existiriam por exemplo tantos profissionais de “investment banking” ou de empresas de consultoria desmotivados, desgastados e a precisar de reforma aos 30 anos.
Para verdadeiramente motivar os seus trabalhadores, terá que ajudá-los a chegar um passo à frente nos seus objetivos profissionais.
Agora o leitor poderá perguntar:
“Mas e se o objetivo dessa pessoa for trabalhar numa empresa maior, ou criar a sua própria empresa? Não estarei a perder um trabalhador potencialmente valioso?”
Completamente verdade.
No entanto, olhar por essa perspectiva não é a mais correta.
Pense comigo:
Se ajudar os seus trabalhadores a atingirem os seus objetivos, estes trabalharão o dobro pela sua empresa, utilizarão toda a sua criatividade e vocação, e trarão uma energia e motivação única todos os dias.
Mesmo que fiquem apenas 1 ou 2 anos, esse período de tempo fez a diferença na sua empresa…
E provavelmente uma diferença muito maior do que um trabalhador que esteja na sua empresa há 5 ou 10 anos, completamente desmotivado e sem energia.
Veja o vídeo abaixo, onde o Gary Vee conversa pela primeira vez com um dos seus trabalhadores, e começa a "criar um linchpin":
Portanto, faça uso das aptidões dessa pessoa. Ajude-a a desenvolver-se ainda mais e a focar-se nos seus pontos mais fortes.
Se se focar apenas em tentar “moldar” essa pessoa de acordo com os seus ideais, ou em melhorar os seus pontos fracos, estará a perder tempo valioso para a sua empresa e para o trabalhador.
Aproveite a criatividade e unicidade de cada indivíduo.
Verá que criará um exército de “linchpins” que farão tudo por si e levarão a sua empresa a níveis de sucesso impensáveis.
Repita este processo em cada contratação que fizer, e depois de anos a trazer perspectivas e visões únicas para o seu negócio...
Terá criado em conjunto com todas essas pessoas (as que estão na sua empresa e as que deixaram marca) uma empresa única e sem igual.
Agora contraste isso com uma empresa apenas com a perspectiva e visão de uma pessoa, durante anos e anos…
O potencial é incomparável, certo?
Diga-me o que acha, deixe um comentário abaixo!
Bons recrutamentos,
- Tiago "linchpin" Faria
Muito bom , contribuiu muito para a minha decisão.